quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ver ou perceber?

São curiosas as nossas formas de ver o Mundo. Tudo aquilo que nos rodeia tem um propósito, uma simples finalidade, que tentamos explicar pelas nossas próprias palavras. Ou então através de palavras dos outros, quando não conseguimos tomar uma decisão. Sempre ouvi falar de ilusões de óptica. Para mim não eram mais que isso, o único valor que possuíam era o da confusão que geravam, por exemplo. São essas coisas que fazem a imagem adquirir maior valor. Pelos vistos já no século XX esse valor era questionado, tal como eu faço hoje. Pelos vistos para Max Wertheimer essa questão também merecia uma explicação. Afinal, como definir o porquê das diferenças na percepção de certas representações visuais? Seria por alguma função cerebral distinta em cada um de nós? Seria por defeito ocular, ou por alguma disfunção sensorial? Em conjunto com Koffka e Köhler, estas indefinições começaram a desvanecer-se, dando lugar a teorias que, agora, influenciam o conhecimento da percepção. "Gestalt", assim se chama a teoria principal. A "Gestalt" lá tenta fazer aquilo que parecia difícil.






Como explicar que nesta imagem, vista por duas pessoas, predominem duas interpretações diferentes, quando a imagem é igual para ambas?

A resposta está no funcionamento do cérebro. Na maneira como este órgão percepciona os elementos constituintes da imagem e a forma como se dispõem. É disso exemplo a proximidade dos elementos:






Muitas outras percepções explica esta teoria, sempre baseadas na forma como o cérebro processa a informação que vê. Exemplos:





O estudo dos três autores permitiu que hoje se conseguissem um mais vasto conhecimento do porquê de na última imagem considerarmos um círculo espontaneamente, sem ele estar lá verdadeiramente representado; do porquê de na segunda imagem vermos uma abrupta passagem de aves para peixes; do porquê de na primeira imagem nos vir à ideia um dálmata quase que imediatamente. Tudo reside no cérebro. No seu livro de 1923, "Theory Of Form", Max Wertheimer, um dos pais da teoria, através de ilustrações, mostrou que temos uma tendência para "
agrupar, ou ver como "pertencendo juntos" elementos semelhantes (denominado por "agrupamento de semelhanças"), estão próximos ("agrupamento de proximidade") ou têem coesão estrutural ("boa continuação")" (Roy R. Behrens, 2004). Ainda segundo Behrens, "essas tendências são inatas, não aprendidas" e, provavelmente, o único artista plástico a ter conhecimento desta obra e aplicar as suas ideias directamente terá sido Paul Klee:
(Imagem: Blue Night, de Klee)

Assim, os outros artistas foram sendo influenciados ao longo do tempo, não aplicando como Klee, imediatamente, aquilo que Wertheimer propunha e que hoje é aceite como a explicação para o fenómeno visual que é a percepção.

Rudoplh Arnheim, também ele um discípulo da mesma casa de Wertheimer, aplicou esta teoria à interpretação de filmes. Crítico de cinema e analista desta arte, para ele (segundo Gerard C. Cupchik), "esses princípios [da "Gestalt"] dão ênfase à primazia da percepção estruturada e à experiência espontânea da expressão emocional", propondo que o foco seja direccionado para "os efeitos dinâmicos dos contrastes composicionais e tensões resultantesem vez de "forças" abstractas" [em A Critical Reflection on Arnheim's Gestalt Theory of Aesthetics, 2007], numa prova de que os conceitos se aplicam não só à imagem dita "estática".

Ainda me questiono sobre o porquê de tudo ser assim. Tudo bem que sabemos como funciona. Mas não sabemos porquê. Pelo menos eu não sei, e talvez seja esse um dos problemas da teoria. Explica como, após o estudo do cérebro. Mas é meramente descritiva, não explicativa na sua génese, sendo essa a principal crítica a ser apontada [Bruce, V., Green, P. & Georgeson, M. (1996)]. Ninguém consegue, mesmo assim, tocar a fundo na questão do "porquê", por ser, talvez, demasiado complicado para a mente humana, mente essa que, por si, se manifesta pelo facto de interpretar de diversas formas. A Teoria da Forma comprova-o.

Início da proposta 1

O mundo está para aí cheio de músicas e artistas que ou não interessam nem ao menino Jesus ou que são mesmo bons. O problema é que não gosto de ser igual. Por isso para esta proposta, prefiro usar uma música que me diga algo. Uma música da minha autoria. Escrita há coisa de 3 anos, é talvez aquela que mais significado tem para mim. Com o título provisório de "Second Chance", evoluiu para "You Never Know" no processo de gravação. E ficou assim. Com um pequeno corte na letra (saiu uma das estrofes), mas o resto manteve-se inalterado. O sentido também. E o contexto não mudou.

You Never Know
(Luís Soeiro; Soraia Neves; Daduh)

You never think you’re wrong
When I may be right
You never had the time
To belong to a straight fact
Sometimes you fail when you
Should have changed your soul
Sometimes you do what comes up
Burning any hope

You never know
what can be worse
You never know
how to change my world
How can’t you see
you have deceived most reveries
I’ve had alone?

You always need to consider again
But how come
I couldn’t have a second chance?
Who is your life
when you’re getting depressed?
How come must mine
be not any of this?
Three times to regard
Won’t get you a second chance
It’s time for you to know
That a second chance
Has vanished long ago

How can I care for you
when all you can do
is to give up so easily
as if there is no me?
Sometimes you ruled your story
But you couldn’t even worry
Sometimes you try to fix
It’s too late, I’m not six

You never know
I’m now too grown
You never know
What you should have known
How can’t you see
you have deceived most reveries
I’ve had alone?

You always need to consider again
But how come
I couldn’t have a second chance?
Who is your life
when you’re getting depressed?
How come must mine
be not any of this?
Three times to regard
Won’t get you a second chance
It’s time for you to know
That a second chance
Has vanished long ago


Agora resta expressar isto numa composição. Here we go.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

o que é a arte? o que é preciso para ter arte? basta um bocadinho de todos nós, misturado com oportunidade e imaginação. receita mágica.